“Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”Jean Cocteau
Cada um escolhe o seu caminho, alguns vão descobrindo que existir pode ser perigoso e cansativo então passam a olhar com suspeita as alegrias e belezas na estrada.
Outros são aconselhados a não ir muito longe porque a vida reserva surpresas inimagináveis, aprendem a não se arriscar, preferem ficar seguros em seus castelos de sonhos.
Há uns cuja percepção ficou embotada pelos desencantos nas primeiras viagens, esses se deixam amargar e costumam culpar Deus e os outros por suas desilusões.
Mas existem os que mesmo tendo experimentado confusões, desapontamentos e traições ousam sair por aí pra conhecer velhas estradas, e dar-lhes novos sentidos e viver de fato com toda intensidade que for possível.Não são pessoas com uma imunidade especial, vez por outra passam maus pedaços, mas não sucumbem. Isso enriquece a trama. Se arrepiam ao contar. Também experimentaram os frutos amargos da dificuldade, em certas ocasiões deixam escapar histórias que fazem brotar lágrimas dos olhos mais áridos.
Conheceram o rosto da indiferença naqueles que poderiam fazer a diferença. Aprenderam que os amigos são a família que escolhemos e que ao invés de ficar catalogando as tragédias já vividas, resignificam os sentimentos e contam os dias com coração sábio. Esses são admiráveis porque não legitimam suas fraquezas com um discurso que projeta nos outros a culpa.Eles são entusiasmados, contagiam a nossa vida com a vontade de viver deles. Não desistam de um plano porque parece difícil. São determinados e possuem estratégias. Mas não se tornam inflexíveis, pois precisam de todas as articulações, tanto físicas quanto mentais e emocionais pra poder romper os desafios.
Prestam muita atenção no todo, mas observam formigas trabalhadeiras, mulheres cozinheiras, homens na ribeira, crianças na cumeeira, são poetas da vida, arquitetos da existência. Fazem suas rimas e arquivam imagens no coração, elaboram um montão de resenhas pra presentear outros irmãos com suas conclusões.
Saem tão despojados que cativam pela simplicidade. Não os subestimem, eles são grandes, é que não precisam provar pra ninguém. Não carregam grandes mochilas, levam consigo a dignidade da responsabilidade de viver a liberdade. Isso é o essencial. O resto eles encontram pelo caminho: generosidade, gratidão, empatia, tudo em forma de gente, gente que expressa amor através de ações. Amor que age. Que dá comida ao faminto, água ao sedento, cobertor na noite fria, toalhas limpas e sabonete. E o mais importante: a riqueza da amizade que fica. Vai embora, mas deixa a lembrança recheada de histórias e uma sensação curiosa de que já somos amigos há um tempão.
Jesus se revela nesses e é melhor dar-lhes atenção. Pois isso fará toda a diferença quando formos acertar as contas com o Altíssimo.
Elem Rosa Marques Vieira
sábado, 14 de junho de 2008
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